sábado, 4 de dezembro de 2021

de lito que cometi


Mensagens de recepção do «de lito». Os exemplares seguiram por correio postal normalizado, como passou a ser habitual nestas plaquetes que envio aos amigos.


Na falta da happy hour que nos traga o zelo necessário à sabedoria de roubar versos, resta saber esperar pelo estrondo que fará da vibração das brocas uma harmoniosa melodia.
Entretanto…
delituosamente gratos pelo 46º que nos coube. 
(CS e M)
Caro Amigo António Ferra
Ninguém me tem dirigido desde há uns bons tempos uma carta pessoal a não ser tu. Coisa preciosa, estimável e para manter! É um grato prazer receber uma cartinha tua. Neste verão também dirigi várias cartas em papel e via correio. Abri o envelope e li «delito» e lembrei-me logo do «de litro» do Fernando Pessoa. Depois pensei no «lito» (pedra, calhau) e até em “litografia”. Comecei a ler e vislumbrei situações da nossa vida social que, metaforicamente, poderão surgir dos versos: a sereia urbana que foge aos impostos, a carinha laroca a aldrabar-nos, a funcionária a arejar a marosca por um motivo inconfessável, traições por todo o lado (de Braga a Copenhaga), … E também – em leitura sobreposta – podemos vislumbrar um quotidiano que nos surpreende. Portanto, crítica social contundente nestes dias de Covid-19 e um quotidiano que nos envolve completamente. 
(ACS)
Acabo de receber com muita alegria o seu objecto. Chamo-lhe assim em homenagem ao Cruzeiro Seixas, para quem um livro não era nada menos do que um "objecto".Palavras fortes as suas, em que me fica a ecoar o seu verso quase final "fontes malvadas de pesadelo".
(ACF)

Como quem manda simplesmente um recado, e de forma quase clandestina, António Ferra continua a surpreender-nos com pequenos momentos em que o bom gosto, aliado a uma refinada moldura, se manifesta com precisão e argúcia. O delito fica  assim sem possível punição porque a certeira metáfora
a derruba e engrandece.
(LC)








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