Mensagens de recepção do «de lito». Os exemplares seguiram por correio postal normalizado, como passou a ser habitual nestas plaquetes que envio aos amigos.
Na falta da happy hour que nos traga o zelo necessário à sabedoria
de roubar versos, resta saber esperar pelo estrondo que fará da
vibração das brocas uma harmoniosa melodia.
Entretanto…
delituosamente gratos pelo 46º que nos
coube.
(CS e M)
Caro Amigo António
Ferra
Ninguém me tem dirigido desde há uns
bons tempos uma carta pessoal a não ser tu. Coisa preciosa,
estimável e para manter! É um grato prazer receber uma cartinha
tua. Neste verão também dirigi várias cartas em papel e via
correio. Abri o envelope e li «delito» e lembrei-me logo do
«de litro» do Fernando Pessoa. Depois pensei no «lito» (pedra,
calhau) e até em “litografia”. Comecei a ler e vislumbrei
situações da nossa vida social que, metaforicamente, poderão
surgir dos versos: a sereia urbana que foge aos impostos, a carinha
laroca a aldrabar-nos, a funcionária a arejar a marosca
por um motivo inconfessável, traições por todo o lado (de Braga a
Copenhaga), … E também – em leitura sobreposta – podemos
vislumbrar um quotidiano que nos surpreende. Portanto, crítica
social contundente nestes dias de Covid-19 e um quotidiano
que nos envolve completamente.
(ACS)
Acabo de receber com muita alegria o seu objecto. Chamo-lhe assim em homenagem ao Cruzeiro Seixas, para quem um livro não era nada menos do que um "objecto".Palavras fortes as suas, em que me fica a ecoar o seu verso quase final "fontes malvadas de pesadelo".
(ACF)
Como quem manda simplesmente um recado, e de forma quase clandestina, António Ferra continua a surpreender-nos com pequenos momentos em que o bom gosto, aliado a uma refinada moldura, se manifesta com precisão e argúcia. O delito fica assim sem possível punição porque a certeira metáfora
a derruba e engrandece.
(LC)
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