1
A interioridade não tem destinatário,
é
um vai-vem comigo mesmo,
até
me deitar de olhos abertos.
2
A
literatura é a invenção,
sem
invenção as imagens confessionais
morrem
na obrigação da insolência.
3
Nenhum
texto escrito é autêntico
na
simulação da realidade que prende destinatários improváveis.
Quando
leio, pouco me importa a verdade-verdade,
a
não ser decifrar enigmas de tempos e lugares,
chamo
criação àquilo que me servem
com
acompanhamentos diferentes.
4
Ficaria
horrorizado se alguém soubesse dos meus passos pela casa
partilho
a camuflagem da compressão,
a
escrita literária é a mestria da forma.
5
Dói-me
o peito de pensar a luz,
o
limbo académico onde me deito
a
sofreguidão das palavras literárias.